segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Barbarismo

Barbarismo

Barbarismo, peregrinismo ou estrangeirismo (para os latinos qualquer estrangeiro era bárbaro) é o uso de palavra, expressão ou construção estrangeira no lugar de equivalente vernácula.
De acordo com a língua de origem, os estrangeirismos recebem diferentes nomes:
  • galicismo ou francesismo, quando provenientes do francês (Pais de Gália, antigo nome da França);
  • anglicismo, quando do inglês;
  • castelhanismo, quando vindos do espanhol;
Ex:
  • Mais penso, mais fico inteligente (galicismo; o mais adequado seria "quanto mais penso, (tanto) mais fico inteligente");
  • Comeu um roast-beef (anglicismo; o mais adequado seria "comeu um rosbife");
  • Eles têm serviço de delivery. (anglicismo; o mais adequado seria "Eles têm serviço de entrega").
  • Premiê apresenta prioridades da Presidência lusa da UE (galicismo, o mais adequado seria Primeiro-ministro)
  • Nesta receita gastronômica usaremos Blueberries e Grapefruits. (anglicismo, o mais adequado seria Mirtilo e Toranja)
  • Convocamos para a Reunião do Conselho de DA's (plural da sigla de Diretório Acadêmico). (anglicismo, e mesmo nesta língua não se usa apóstrofo 's' para pluralizar; o mais adequado seria DD.AA. ou DAs.)
  • Irei ao toilette (galicismo, o mais adequado seria Banheiro).
Há quem considere barbarismo também divergências de pronúncia, grafia, morfologia, etc., tais como "adevogado" ou "eu sabo", pois seriam atitudes típicas de estrangeiros, por eles dificilmente atingirem alta fluência no dialeto padrão da língua.
Em nível pragmático, o barbarismo normalmente é indesejável porque os receptores da mensagem frequentemente conhecem o termo em questão na língua nativa de sua comunidade linguística, mas nem sempre conhecem o termo correspondente na língua ou dialeto estrangeiro à comunidade com a qual ele está familiarizado. Em nível político, um barbarismo também pode ser interpretado como uma ofensa cultural por alguns receptores que se encontram ideologicamente inclinados a repudiar certos tipos de influência sobre suas culturas. Pode-se assim concluir que o conceito de barbarismo é relativo ao receptor da mensagem.
Em alguns contextos, até mesmo uma palavra da própria língua do receptor poderia ser considerada como um barbarismo. Tal é o caso de um cultismo (ex: "abdômen") quando presente em uma mensagem a um receptor que não o entende (por exemplo, um indivíduo não escolarizado, que poderia compreender melhor os sinônimos "barriga", "pança" ou "bucho").

Ambiguidade

Ambiguidade é a possibilidade de uma mensagem ter dois sentidos. Ela geralmente é provocada pela má organização das palavras na frase. A ambiguidade é um caso especial de polissemia, a possibilidade de uma palavra apresentar vários sentidos em um contexto.
Exemplos:
  • "Onde está a vaca da sua avó?" (Que vaca? A avó ou a vaca criada pela avó?)
  • "Onde está a piranha da sua mãe?" (Que piranha? A mãe ou a piranha criada pela mãe?)
  • "Este líder dirigiu bem sua nação"("Sua"? Nação da 2ª ou 3ª pessoa (o líder)?)
  • "Antes ele andava de Lotação, hoje não anda mais"("Não anda porque"? Adquiriu uma deficência ou porque comprou um automóvel?
Obs 1: O pronome possessivo "seu(ua)(s)" gera muita confusão por ser geralmente associado ao receptor da mensagem.
Obs 2: A preposição "como" também gera confusão com o verbo "comer" na 1ª pessoa do singular.
A ambiguidade normalmente é indesejável na comunicação unidirecional, em particular na escrita, pois nem sempre é possível contactar o emissor da mensagem para questioná-lo sobre sua intenção comunicativa original e assim obter a interpretação correta da mensagem.


Cacofonia

Cacofonia, cacófato ou cacófaton, é o nome que se dá a sons desagradáveis ao ouvido formados muitas vezes pela combinação do final de uma palavra com o início da seguinte, que ao ser pronunciadas podem dar um sentido ridículo, como: por cada; boca dela; vou-me já; ela tinha; como as concebo; essa fada; aquele guri lá e amigos unidos.
A cacofonia pode constituir-se em um dos chamados vícios de linguagem, e devem ser evitados, tanto na linguagem coloquial quanto na escrita.


Esta é uma lista de alguns exemplos de cacófatos (cacofonia) usados na língua portuguesa. Cacófato é um vício de linguagem, que gera sons desagradáveis numa oração por sílabas na escrita ou na fonética.
Cacófato Oração correta
O nosso hino é muito elegante. O hino nacional é muito elegante.
A empresa é dirigida pela Dona Maria. Dona Maria dirige a empresa.
E depois, acabou-se tudo. Tudo se acabou, depois disso.
A cerca dela está na despensa da fazenda. A sua cerca está na despensa da fazenda.
Eu vi ela na viela. Eu a vi na viela.
Meu coração por ti gela. Meu coração fica gelado por ti.
O irmão pôs a culpa nela. O irmão lhe pôs a culpa.
Desde então, não fez mais isso. Até agora, nunca mais fez isso.
Não sabia que você faria isso por tal simples coisa. Não sabia que você faria isso por uma simples coisa.
Ele tem pouca fé em Deus. Ele não tem muita fé em Deus.
Ele tem fé demais em tirar uma nota boa. Ele tem muita fé por tirar uma nota boa.
Ela tinha poucos materiais. Tinha poucos materiais.
Estava com uma mão na cabeça. Estava uma de suas mãos na cabeça.
Custa um real por cada limão. Cada limão custa um real.
Vou-me já. Eu já vou.

Redundância (Pleonasmo Vicioso)


Expressões Redundantes
Ocorre redundância quando, numa frase, repete-se uma ideia já contida num termo anteriormente expresso. Assim, as construções redundantes são aquelas que trazem informações desnecessárias, que nada acrescentam à compreensão das mensagens. No dia a dia, muitas pessoas utilizam tais expressões sem perceber que, na verdade, são inadequadas. Veja a seguir frases com expressões redundantes frequentemente utilizadas:
"Eu e minha irmã repartimos o chocolate em METADES IGUAIS."
Ao dividir algo pela metade, as duas partes só podem ser "iguais"!
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"O casal ENCAROU DE FRENTE todas as acusações."
Seria possível que eles encarassem "de trás"?
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"Adoro tomar CANJA DE GALINHA."
Se é canja que você toma, só pode ser "de galinha"!
canja.jpg (5758 bytes)
"O estado EXPORTOU PARA FORA menos calçados este ano."
E como ele poderia fazer para exportar para "dentro"?
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"Quando AMANHECEU O DIA, o sol brilhava forte."
Você já viu amanhecer a "noite"?
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"Tiradentes teve sua CABEÇA DECAPITADA."
Alguém já viu um "pé" ser decapitado? Decapitação só existe da cabeça mesmo!
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segunda-feira, 10 de setembro de 2012

O diário

meti que escreveria, todos os dias, algo para Helena, em um caderno que comprei no dia de seu nascimento. Naquele dia enchi doze laudas de uma história que não interessaria a ninguém mais do que nós. Nunca produzi tanto em uma única tarde. Continuei, durante os próximos quatro dias, preenchendo aquelas páginas, ansioso, febril. Era um momento de desabafo, não queria produzir literatura e sim notas, recados para um futuro, memórias.

No quinto dia encomendei outros cadernos em uma loja da Internet, mas continuei escrevendo naquele antigo, já um pouco desgastado. Depois o substituí por um novo. Claro que não consegui relatar algo sobre Helena todos os dias. Em algum momento eu estava tão cansado que não pude falar nada sobre minha filha. Foram poucas as vezes em que isso aconteceu. Digamos que, dos 365 dias de vida que esta menina linda faz esta semana, 340 estão esmiuçados no Diário que criei para ela. As anotações estão lado a lado com estudos de personagens, ideias para contos, versos soltos, trechos de algum livro que li. Tudo misturado, como gosto.

No dia 22 de janeiro de 2012, qualquer um que estiver de posse de meus relatos pode ler: “Helena faz 4 meses e 16 dias. Está comendo papa de banana, mamão e pera. Ana deu a ela 4 colheres de mamão gelado e ficou preocupada pensando se a menina pegaria uma gripe. Pesquisou e descobriu que o melhor a fazer é dar o leite do peito logo em seguida. Como foi exatamente o que ela fez, ficou sossegada. Helena faz um longo ruído com a boca quando está chateada. Gravei o barulho em um vídeo para não esquecer.” Abaixo, ainda no mesmo 22 de janeiro, acrescentei: “Livro: Entre a luxúria e o pudor. Autor: Paulo Sérgio do Carmo. Editora: Octavo. Hoje gravei aqui em casa mesmo um vídeo para a TV Brasil, pois não queria ir ao Rio de Janeiro. Amanhã enviarei carta para o Antonio Maura Barandiarán para sondar a possibilidade de uma tradução.”

E assim foram os dias, alguns fáceis, outros mais complicadinhos, como é a vida, de qualquer maneira. Helena completa um ano no próximo dia 06 e eu queria lhe dar esta crônica de presente. Não apenas a ela, mas também à sua mãe, Ana. Neste primeiro ano em que convivemos com essa criança tão linda, eu queria relatar uma tristeza que sofri. E por culpa minha. Ana vivia seu primeiro dia das mães e, não sei o motivo, não preparei nada para ela. Não lhe comprei um presente, não encomendei flores, apenas lhe dei os parabéns, pela manhã e pronto. Tenho certeza que, por mais que haja tamanha carga comercial na data, fui insensível. Devia ter preparado uma festa, no mínimo.

mãe.

Bases da Comunicação

As recompensas das boas comunicações são grandes, mas difíceis são os meios de se obtê-las, para isto sempre esteja atento às bases para a boa comunicação, para que isso ocorra é vital que se observem as seguintes regras: 
 
Saber Ouvir - Demonstre estar apto a ouvir informações mesmo que desagradáveis e críticas, procurando não interromper desnecessariamente.
Examine o ponto criticado - Seja humilde e examine o ponto criticado para dar crédito às boas ideias e ao trabalho sincero. Ao receber críticas, procure extrair os aspectos positivos.
Evite termos técnicos - Não use gírias e evite termos técnicos que podem atrapalhar na comunicação, se for imprescindível o seu uso, explique qual o significado dos termos usados.
Esclareça suas ideias - Esclareça suas ideias antes de transmiti-las, faça com que elas sejam precisas.
Expresse o seu interesse - Entre frequentemente em contato com as pessoas e escute. Questione o interlocutor, peça detalhes.
Ações X Informações - Demonstre que ações são tomadas baseadas em informação, caso contrário o pessoal pensará que não valeu a pena o tempo e o esforço despendidos para manter o fluxo de comunicação.
Suas ações apoiam o que você diz? - Suas ações refletem o que você pensa e diz para os outros.
Procure ser objetivo- Seja objetivo, não faça rodeios, mesmo que a mensagem seja o que as pessoas não gostariam de ouvir.
Que mensagem  quero transmitir? - Trace qual é o objetivo da mensagem, o que você deseja que os receptores da mensagem absorvam, qual é o verdadeiro propósito da comunicação.
A quem vou me dirigir? - Antes de transmitir alguma informação, procure conhecer qual vai ser o público e PREPARE-SE.
Consulte outras pessoas- Consulte outras pessoas para planejar as comunicações, peça opiniões, lembre que aqueles que o ajudam a planejar, com certeza o apoiarão.
Como transmitir? -Esteja atento a sua tonalidade de voz, da receptividade de quem ouve, bem como da linguagem que você irá utilizar.
Verifique se foi entendido- Sempre verifique se você foi entendido, faça perguntas, pergunte o que foi entendido e não se a pessoa entendeu. Após transmitir a informação, faça perguntas como: O que você entendeu? Você poderia repetir o que eu transmiti?
Suas ações - Esteja certo de suas ações apoiam aquilo que você diz.
Entendimento - Procure não só ser compreendido, tente compreender.
Compartilhe - Compartilhe tanta informação quanto for possível, isto trará ganhos para todos os envolvidos.
"FEEDBACK" - O retorno de informações é importante para manter seus parceiros atualizados nos processos e atividades de interesse comum, sempre retorne a informação, mostre os resultados e ações consequentes de informação recebida anteriormente.
 
FONTE 
 
Comunicação-Feedeback. www.attender.com.br/publico/dicas-oque.htm

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

UM OLHAR ATENTO SOBRE O COTIDIANO

 A crônica é um gênero que ocupa o espaço do entretenimento, da reflexão mais leve. É colocada como uma pausa para o leitor, fatigado de textos mais densos. Nas revistas, por exemplo, em geral é estampada na última página.
 A escrever, os cronistas buscam emocionar e envolver seus leitores, convidando-os a refletir, de modo sútil, sobre situações do cotidiano, vistas por meio de olhares irônicos, serios ou poéticos, mas sempre agudos e atentos.

OS MUITOS TONS DA CRÔNICA NO BRASIL

A crônica é um gênero que retrata os acontecimentos da vida em tom despretencioso, ora poético, ora filosófico, muitas vezes divertido. Nossas crônicas são bastante diferentes daquelas que circulam em jornais de outros países. Lá são relatos objetivos e sintéticos, comentários sobre pequenos acontecimentos, e não costumam expressar sentimentos pessoais do autor. Os cronistas brasileiros exprimem vivências e sentimentos próprios do universo cultural do país.

É o que basta

Preocupada. Quase dezessete horas e o marido ainda não aparecera com o Gouda e o Cheddar. Logo mais, à noite, teriam Queijos & Vinhos.

Longe dali, ele conferiu as horas enquanto uma vendedora repetia a lista das qualidades do televisor de LCD e a comparava (tão animada quanto na primeira vez) com o rol das qualidades do televisor de LED. Ambos os aparelhos de última geração, a despeito das diferenças tecnológicas, podiam ser instalados na parede.
— Legal! Deixa espaço livre para os meus livros na estante.
A vendedora quis morrer. Os dedos enfiados nas covas dos olhos. Movimento, de fato, revelador. Gesto que, segundo lhe ocorrera, deixava claro aquele padrão feminino em relação aos amigos do trabalho, às roupas, à decoração, enfim, às coisas da vida a dois.
Então, ele se lembrou de que um insípido rack, há tempos, reinava absoluto no lugar da velha estante de mogno.
Durante a semana eu decido. Muito obrigado.
Enquanto deixava a loja, voltou a pensar na esposa e, por esta razão, estava arrependido. Afinal, a decisão tinha sido plena. Discutida e aprovada a dois. Democraticamente.
A mulher era esclarecida. Nível universitário. Tanto quanto ele, ela adorava os livros. Tinha bom gosto. Na verdade, se optaram por uma decoração clean e, agora, tinham uma dispensa cheia de quinquilharias, fora em comum acordo.
— É necessário ser justo com ela.
Em casa, a mulher cruzou a sala. Teriam Queijos & Vinhos naquela noite. Havia, pelo menos, dois argentinos e três nacionais, de safras recentes, na adega, e um bom sortimento de iguarias importadas de vários cantos do mundo, Pecorino, Emmental, Roquefort, Camembert, Provolone, Gorgonzola, mas o gerente regional e a namorada gostavam mesmo de Gouda e Cheddar. O marido, bastante atrasado, causava-lhe ansiedade.
Então, ela chegou à escada. Escalou dois degraus para ter uma visão especial da sala. Repentinamente atormentada, encarou a falta que o marido fazia e também a falta que ela própria fazia naquele ambiente.
Networking — disse. Os dedos metidos nas covas dos olhos. Queria tirá-los dali num só golpe. Assim, não veria a própria despersonalização.
— Vergonha! — prosseguiu. Tudo aquilo valia a pena? Por causa dos outros?! — A minha casa mais parece um hospital!
Rapidamente, atravessou a casa e se instalou diante de uma porta. A porta do quarto das quinquilharias. Mal podia esperar. Assim que pudesse, colocaria a história deles no devido lugar. A televisão que planejavam ter deixaria espaço livre na estante. Sobre a madeira nobre, haveria lugar para os porta-retratos e os bibelôs que pertenceram à sua mãe. Teria, o marido, que aceitar.
Às dezessete horas e quinze minutos, ele atravessou o corredor lotado e entrou na loja que ficava no outro lado do shopping. Apanhou os queijos necessários, o Cheddar e o Gouda, e se aproximou da secção de bebidas.
Logo mais, pela primeira vez, receberiam o gerente regional e a namorada. Merece. A ocasião merece. Tinham bons vinhos na adega high tech recém-adquirida, mas aquele Banyuls Rouge 2008 valorizaria a noite.
— Para que?
Súbito, a lembrança do gerente regional e da namorada se transformou numa sensação conhecida. Sempre que viajava com o pai, na infância, era exatamente aquilo que sentia quando chegavam ao destino (invariavelmente, uma cidadezinha mineira ou goiana perdida no meio do cerrado).
Enquanto dirigia, ele pensou naquelas antigas aventuras e na provável reação da mulher. Quando conversassem, logo mais, ele descobriria o quanto aquela idiotice de networking realmente significava para ela.
— Basta. É aqui que eu “apeio”. É o meu destino. Antes que se perca a identidade, é necessário ter essa percepção.
Toque do celular: you must remember this, a kiss is just a kiss
— Amor?
— Alô, querido, você já comprou os queijos?
Cheddar e Gouda. Como você mandou. Não se preocupe, já estou no carro, a caminho de casa. Tudo bem?
Silêncio.
— Oi?! — ele disse ainda.
— Já está muito longe da loja?
— Acabei de sair. Por quê?
— Volte e traga catupiry e frescal. Lembra-se daquela cachaça? Presente do teu pai; que ele trouxe de Juiz de Fora? Então. Para hoje à noite, é o que basta.
 
-André Ferrer