A planta
Planta herbácea de clima quente e úmido, originária da Índia, a maconha (Cannabis sativa)
pertence à família Moraceae e pode atingir até 5 metros de altura.
Possui folhas digitadas e flores pequenas, amarelas e sem perfume. É uma
planta dioica que apresenta talos com flores femininas e talos com
flores masculinas. O fato de a planta possuir talos com flores
diferentes influencia na colheita, pois as flores masculinas endurecem
mais rápido, morrendo após a floração, enquanto que as inflorescências
femininas permanecem com uma cor verde-escura até um mês após a
floração, quando as sementes amadurecem. Quando não ocorre fecundação
das flores femininas, elas excretam grandes quantidades de resina
pegajosa composta por dezenas de substâncias diferentes. O fruto da
maconha é amarelo-esverdeado, pequeno, ovalado e contém uma substância
ácida que serve de alimento para algumas espécies de aves.
Os primeiros relatos dessa erva no Brasil datam do século XVIII quando
era usada para a produção de fibras chamadas de cânhamos. Tais fibras
eram obtidas por meio de vários processos, incluindo desfolhamento,
secagem, esmagamento e agitação que separam as fibras da madeira. Essas
fibras fortes e duráveis foram usadas como velas de navios por séculos e
até hoje são utilizadas em cordas, cabos, esponjas, tecidos e fios. As
sementes com muitas proteínas e carboidratos são utilizadas na
alimentação de pássaros domésticos, e em cereais e granolas. Do óleo
extraído das sementes fazem-se tintas, vernizes, sabões e óleo
comestível.
Substâncias da maconha
A planta da maconha contém mais de 400 substâncias químicas, das quais 60 se classificam na categoria dos canabinoides,
de acordo com o Instituto Nacional de Saúde. O tetra-hidrocarbinol
(THC) é um desses canabinoides e é a substância mais associada aos
efeitos que a maconha produz no cérebro. A concentração de THC na planta
depende de alguns fatores, como solo, clima, estação do ano, época da
colheita, tempo decorrido entre a colheita e o uso, condições de
plantio, genética da planta, processamento após a colheita, etc., por
isso os efeitos podem variar bastante de uma planta para outra.
THC ou 6,6,9-trimetil-3-pentil-6H-dibenzo [b,d] piran-1-ol (nome oficial IUPAC)
Marijuana, hashish, charas, ghanja, bhang, kef, orla e dagga são algumas das maneiras que a cannabis pode ser consumida, mas a forma mais comum é através do fumo.
Ao inalar a fumaça da maconha, o THC vai diretamente para os pulmões
que são revestidos pelos alvéolos, responsáveis pelas trocas gasosas.
Por possuírem uma superfície grande, os alvéolos absorvem facilmente o
THC e as outras substâncias. Minutos depois de inalado, o THC cai na
corrente sanguínea, chegando até o cérebro.
Em nosso cérebro existem alguns receptores canabinoides que se
concentram em lugares diferentes, como no hipocampo, cerebelo e gânglios
basais. Esses receptores possuem efeitos em algumas atividades mentais e
físicas como memória de curto prazo, coordenação, aprendizado e
soluções de problemas.
Os receptores canabinoides são ativados pela anandamida, substância
endógena neurotransmissora que é comparada ao THC, o princípio ativo da
maconha. O THC, também pertencente ao grupo dos canabinoides, copia as
ações da anandamida se ligando aos receptores canabinoides e ativando os
neurônios, influenciando de forma adversa o cérebro. A interação do THC
com o cérebro pode causar sentimentos relaxantes, como sensação de
leveza, sendo que outros sentidos também podem se alterar.
Efeitos em curto e longo prazo
Depois de consumir a cannabis, a pessoa pode apresentar alguns efeitos físicos,
como memória prejudicada, confusão entre passado, presente e futuro,
sentidos aguçados, mas com pouco equilíbrio e força muscular, perda da
coordenação, aumento dos batimentos cardíacos, percepção distorcida,
ansiedade, olhos avermelhados por causa da dilatação dos vasos
sanguíneos oculares, boca seca e dificuldade com pensamentos e solução
de problemas.
As pessoas que fumam maconha também estão suscetíveis aos mesmos
problemas das pessoas que fumam tabaco, como asma, enfisema pulmonar,
bronquite e câncer.
Dependência
Afinal, a maconha causa ou não dependência?
Muitos estudos estão sendo feitos a respeito desse assunto, mas ainda
não se sabe ao certo se a maconha causa ou não a dependência. Por causa
da dificuldade de se quantificar a maconha que atinge a corrente
sanguínea, não há doses formais de THC que causam dependência.
Acredita-se que a dependência aumenta conforme o período do uso.
Estudos mostram que alguns usuários que fazem uso da maconha
diariamente não desenvolvem o vício, enquanto outros podem desenvolver
uma síndrome de uso compulsivo semelhante à dependência de outras
drogas.
Não é possível ainda determinar a natureza dos sintomas de abstinência da maconha.
De acordo com aAgência Americana de Combate às Drogas, o consumo prolongado de maconha pode causar danos aos pulmões e ao sistema reprodutivo.
Usos medicinais
Nos séculos passados, a maconha era usada, naChina, como anestésico,
analgésico, antidepressivo, antibiótico e sedativo. A erva foi citada na
primeira farmacopeia (livro que reunia fórmulas e receitas de
medicamentos) conhecida no mundo, cerca de 2 mil anos atrás,
recomendando o seu uso para prisão de ventre, malária, reumatismo e
dores menstruais. No século XIX, alguns povos começaram a utilizá-la no
tratamento da gonorreia e angina.
Atualmente, muitos acreditam que os efeitos negativos da maconha
superam os seus efeitos positivos, mas muitos efeitos nocivos da maconha
permanecem inconclusivos. Por essa razão, algumas pessoas pedem para
que ela seja legalizada a fim de ser utilizada como medicamento no
tratamento de algumas doenças, como câncer e AIDS (combate as náuseas e
estimula o apetite), glaucoma (alivia a pressão ocular), epilepsia
(evita as convulsões) e esclerose múltipla (diminui espasmos
musculares).
Em alguns estados norte-americanos, o uso medicinal da maconha já foi legalizado.